Às vezes, por desconhecimento, a gente acha que só existem dois caminhos: à direita ou à esquerda.
Não sou economista. Então aqui vão meus devaneios.
O caminho americano argumenta que o Estado é ineficiente e tudo deve ser entregue à iniciativa privada. Liberdade é seu mantra. Você tem a liberdade de subir na vida. Você pode fazer qualquer coisa. Só esquece de dizer que, na prática, não é bem assim. Uma pessoa normal pode se matar de trabalhar, sacrificar seus fins de semanas e férias, e no final, melhora sua renda, sim, mas não na mesma proporção da parcela que já é rica. E daí, você, pessoal normal, quando percebe, (não) viu a infância dos filhos passar.
Já aquele em um "estrato isolado" não tem com que se preocupar. Já tem a vida ganha.
E como admitir que simplesmente "foi falta de esforço" da pessoa normal? Se você convive com as pessoas normais, com estudantes como eu vejo, você percebe que não é bem assim. Porque se um dia um é assaltado na frente da escola, outro sofre acidente de moto, outro está com a mãe no hospital e tem que lutar por atendimento, como admitir que é só "falta de esforço"?
Quando li How children succeed, livro que discute razões para as crianças americanas terem problemas na escola e como ajudá-las a superá-los, a lição final que ficou para mim é que em uma sociedade podre, professor não pode ser visto como super-herói.
O outro lado abomina a iniciativa privada, mas não deixa seus cidadãos saírem para o mundo, tolhe a liberdade. Isso é horrível para mim.
É admirável como a Finlândia mostra alternativas.
Mostra que o serviço público pode ser de qualidade. É claro que às custas de impostos - 43% do PIB, mas se você não precisa se preocupar com a educação de seu filho em qualquer nível, se não precisa começar a poupança para a faculdade dele a partir da maternidade, como nos EUA, me parece razoável.
Mostra que você não precisa escolher uma escola, todas tem qualidade alta, não só algumas poucas top.
Mostra, como experimentei no último fim de semana, que as estradas podem ser bem conservadas e sinalizadas, sem que seja necessário pagar pedágio. Não experimentei, mas os colegas daqui já comentaram que no inverno brabo, você sai às 7 da manhã de casa e as estradas já foram limpas da neve. Você pode ir para onde quiser.
Mostra, como comentou um colega da Holanda, que há um bom balanço trabalho e descanso. Que se trabalha bastante, mas também se vive com a família, com os filhos. Que é possível usufruir da natureza, dos parques, lagos, sauna. E que, mesmo depois que escurece, pode-se andar tranquilo pelas ruas.
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