quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Observando aula do curso técnico em informática - Observing ICT course class

No dia 9 de outubro, fizemos uma visita à Escola Técnica Ammattiopisto Tavastia, para observar uma aula do curso equivalente ao técnico em informática no Brasil. Aqui, em inglês, é chamado ICT technician, dentro da área de qualificação Information and Telecommunications Technology, cujo currículo nacional está disponível no site do Ministério da Educação.

A Escola Tavastia tem 13 blocos e o curso técnico de informática está no bloco G.
Entrada do bloco G, onde estão as salas do curso técnico em Informática.


Acompanhamos uma aula de alunos do segundo ano, que estavam fazendo a instalação de um sistema Linux, o Ubuntu, com o professor Petteri Pyykkönen. Essa aula iniciou às 12h20, após o intervalo de almoço, e terminou às 14h.
Nesse laboratório, cada aluno tem duas máquinas e três monitores. Em uma máquina, acessa a rede, buscando material (e nos momentos de folga, jogando). No outro monitor da mesma máquina, fica anotando o que está fazendo em uma espécie de diário (learning diary), um blog pessoal, que o professor usa como parte da avaliação. Na segunda máquina, o aluno faz a instalação do sistema. Nessa aula, eles tinham 6 tarefas a cumprir, começando pela instalação em si, alteração da área de trabalho, atualização e instalação de pacotes, etc.

Alunos em aula prática de instalação de Linux





Observamos que há bastante liberdade tanto para o professor quanto para o aluno. O que interessa ao professor é que os alunos aprendam e mostrem que as tarefas foram cumpridas.
Eles não precisam ter as aulas dentro da escola. Avisando com antecedência, o professor pode fazer as aulas à distância, interagindo, via Adobe Connect, com os alunos. Professor em casa, alunos em casa, todos trabalhando.
Perguntamos sobre os processos de compra e o professor relatou que para adquirir um software que achou interessante para os alunos, a licença educacional do Construct, bastou conversar com a chefe do departamento e fazer o pagamento com cartão de crédito. No mesmo dia, o software já estava disponível para uso pelos alunos.
O mesmo aconteceu com a montagem de uma sala só com computadores Mac. Uma professora achou importante que os alunos aprendessem sobre as ferramentas de edição de mídia no Mac, acertou com a chefe do departamento, e o laboratório foi montado.
Outra sala de aula, com 20 computadores Mac.
O professor Petteri também relatou sobre um evento que é inteiramente organizado pelos alunos, que é o Tavastia Games. Os alunos montam toda a infra-estrutura de rede, instalação dos computadores, venda de ingressos, para um torneio de games em um fim de semana inteiro na primavera. Os participantes podem inclusive dormir na escola. Em 2014, teve torneio de League of Legends, Tony Hawk 4, Tekken e xadrez.

Contou que fez algumas viagens para acompanhar outros sistemas educacionais, na Alemanha, Inglaterra e outros países. Também viaja, todo ano, para a feira CeBIT, na Alemanha, para se atualizar. E ainda nos mostrou que faz cursos na plataforma Lynda.

A carga horária do professor é variável: dentro do ano escolar (neste ano, de agosto/2014 a maio/2015), há 5 períodos (aproximadamente bimestres). No primeiro período, que acabou em 5/10, ele estava com 24 horas de atividades. Agora no segundo, está com 14h. Disse que não é incomum ficar um período no ano sem aulas, quando aproveita para se capacitar.

Nos deu liberdade para conversar com os alunos. Um deles está fazendo informática, mas depois quer ir para a Escola de Teatro. Vê informática como algo que pode ajudá-lo na carreira e gosta do curso. Perguntamos se era fácil passar para outra carreira e ele disse que sim, o ensino técnico é reconhecido. O outro aluno não sabe ainda o que vai fazer, só sabe que tem que ir para o Exército, mas também gosta do curso porque é mais prático que o ensino médio regular. Ele tinha feito um ano de médio e depois trocou para a escola técnica.

Resumindo, eu vi na prática, nesta Escola Técnica, o que está escrito no documento do Ministério da Educação, Teachers in Finland, trusted professionals:
  • Teachers are autonomous professionals: comprovado. Tem a liberdade de decidir como conduzem as aulas, como se capacitam, qual e como usam a infra-estrutura;
  • Teachers are not obligated to be at school on those days when they have no lessons or other particular duties: comprovado. O que interessa é que o resultado final, o aprendizado dos alunos, seja atingido;
  • Teachers themselves have been given greater responsibility for developing their professional skills and expertise: comprovado. É da responsabilidade de cada um, com total suporte da instituição, se manter atualizado.

Um comentário:

  1. Olá Prof. Fernando,

    Em relação a liberdade dos professores e as metas a serem cumpridas, há algum tipo de monitoramento ou "prestação de contas"?
    Caso as metas não sejam atingidas, o que acontece?

    Obrigado!
    Abraço,
    Prof. Petry

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